terça-feira, 27 de novembro de 2007

Fatos históricos da imaginação de um torcedor por César Rosati

Foto: O rei mulato (Pelé) no vestiário no intervalo do jogo, até então o Santos vencia 2X0 a esquadra esmeraltina (Palmeiras)



O ponteiro do relógio marca 18:00, horário de verão brasileiro, os ambulantes começam a chegar e armar suas barracas para vender camisetas Esmeraltinas e Alvi Negras praianas, o cheiro do sanduíche de pernil consome toda as intermediações da Rua Turiassu, 1840 no bairro da Água Branca em São Paulo mais precisamente no Estádio Palestra Itália. A massa alvi verde e alvi negra estão em festa, mas também não é para menos, se trata de uma final de campeonato.
O ingresso, vendido a modestos Cr$15.000, por volta das 18:45 passa a ser objeto de colecionador e os cambistas agora fazem a festa com os mais de 10.000 torcedores que não conseguiram seu bilhete para esse clássico.
O Palmeiras que entrara em campo desfalcado, sem poder contar com sua referência no meio campo e até então regente da orquestra palestrina, Ademir da Guia que havia se machucado após uma entrada violenta da arma secreta Corinthiana, Basílio.
Já a equipe da baixada santista, viera para a terra da garoa como favoritíssima na conquista do título, pois a dupla Pelé e Coutinho não davam sossego para as zagas do certame ( o técnico do Bragantino, Wanderley Luxemburgo que o diga, pois seu time foi massacrado por 7X0 em uma tarde fria de domingo)
Depois de um campeonato truncado cheio de falsas expectativas, como as que pairavam sobre o time do Flamengo que contava com Jorginho, Zico e Junior as promessas desse certame, os últimos 90minutos começaram com um ar de respeito por ambos os clubes exigindo pouco trabalho por parte dos guarda-metas.
O primeiro tempo caminhava para os 25min quando o Pelé veio receber a bola no seu campo defensivo e começou uma arrancada digna de sua majestade, deixando literalmente toda a equipe palestrina atônitas com seus dribles e sua sutileza no toque na saída do goleiro Oberdam que parado nada pode fazer. Foi assim assinalado o primeiro gol da equipe santista, para o delírio da prole de torcedores ávidos pela maestria do Rei supremo do esporte bretão.
Após esse lance de extrema categoria, a maquina santista de fazer gols parecia receber uma injeção de habilidade oriunda dos deuses do futebol. Após 5min do gol do rei, Zito, o xerife do time alvinegro, anotou o seu depois de uma cobrança de escanteio da direita.
O clima de agonia toma conta da torcida do Palmeiras que vê o seu castelo de glorias sucumbir perante o império do Rei mulato que joga muito fácil durante toda a primeira etapa da partida.
Nos vestiários o técnico Luis Felipe Scolari esbraveja com seus selecionados como um pai brigando com seus rebentos e então recomeça a etapa derradeira desse caloroso clássico que ficou marcado na história do futebol.
Com o placar favorável em dois gols a equipe do Santos entrou em campo no segundo tempo com a faixa já no peito menosprezando a eterna academia que via nesse jogo o ponto supremo de sua história.
Até então apagado na partida Julinho Botelho, ponta-direita do time do Palmeiras recebeu a bola e partiu na disparada pelo seu campo de atuação e cruzou para a cabeçada fulminante de Leivinha que deixou o goleiro Gilmar sem reação.
O placar marcava 2X1 para o Santos e somente 20 minutos para acabar a partida que decidira o mais competitivo campeonato que o Brasil já presenciou quando Arce em cobrança memorável de falta empata a partida para o delírio dos torcedores alvi verdes.
O empate até então consagrava a equipe do Santos que recebia gritos de motivação de seu capitão Zito, marca registrada desse jogador durante a permanência no clube.
São 20:43, o pipoqueiro já vendia pipocas mornas e a tradicional turma do amendoim já não xinga mais o técnico, quando em uma fração de segundos o estádio se calou e o brado retumbante surgiu de forma explosiva no Estádio Palestrino. Gol do Palmeiras, o titulo agora não estava mais no litoral e sim na terra da garoa.

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