quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Mainardismo por R.Rocha

Caricatura de Diogo Mainardi articulista da Veja e autor do livro Lula é Minha anta.
Hoje eu vou falar do Mainardi. Diogo Mainardi é um articulista político de uma famosa revista, Veja. Os esquerdistas o odeiam e não poupam ofensas intelectuais e pessoais. Mino Carta, certa vez, o atacou pessoalmente de maneira vilipendiosa. Mino Carta disse: "A única coisa que Mainardi produz com eficiência é paralisia cerebral" (referindo-se ao filho de Diogo Mainardi, que nasceu com paralisia cerebral). Ataques à parte, as divergências intelectuais devem ser resolvidas restritamente no campo intelectual. Fora deste campo, perde-se a razoabilidade e a discussão torna-se medíocre.
Os direitistas o amam, o veneram como um verdadeiro salvador da pátria. Todavia, essa divisão política entre esquerda e direita é, no mínimo, ultrapassada. Uma forma arcaica de pensar o mundo. Mas isto é assunto para outra coluna.
Eu leio o Mainardi, assim como leio o Mino Carta, assim como leio qualquer coisa. Não tenho "pré-conceitos". Eu leio para formar um conceito a posteriori. Agrada-me a forma como Mainardi escreve, marcada pelo sarcasmo e pela ironia. Mas isto não é inato nele. É herança direta de outro articulista político: Paulo Francis.
Mainardi nunca negou sua herança Francisiana. Ele costuma chamar Paulo Francis carinhosamente de: "meu fantasminha camarada". Não é raro vê-lo usar citações de Francis em sua coluna. E o que há de errado nisto?
A escrita sarcástica e irônica do referido articulista também pode gerar prazer aos seus leitores, visto que saber usar essas duas ferramentas valoriza e torna mais inteligente o texto, pois é nas entrelinhas sarcásticas e irônicas que podemos dizer algo que, se fosse dito diretamente, talvez, ofenderia os ouvidos mais puritanos; politicamente corretos.
Um tipo de pensamento que hoje é difundido no Brasil e que tem como terminologia "mainardismo" precisa ser revisto. Este tipo de pensamento não é oriundo do Mainardi. Talvez, isto na reflexão mais pura das incertezas, tenha sido resgatado por ele, mas é "nascido antes", com Paulo Francis. E como em todos os "ismos" é fácil apontar os pontos fracos, como figura oposta da própria oposição, apontarei os pontos fortes desta forma de pensar. E é simples. Parte-se do pressuposto de que nada é o que demonstra ser, e que atacar é uma forma de conhecer o adversário, pois na reação ao ataque ele mostrará a sua verdadeira face. Em resumo, grosseiramente falando, é isto.
Mainardi leva este pensamento às últimas conseqüências, o que lhe tem rendido muitos processos, inclusive de seus pares, os jornalistas desta odisséia comunicativa e multirracional. Quanto aos jornalistas, ele disse: "Jornalista que processa jornalista é maricas! Questões de imprensa devem ser resolvidas no âmbito da imprensa. Nunca ataquei ninguém que não tivesse uma tribuna da qual se defender. É a regra número um do meu código de ética profissional: só ataco quem pode responder e revidar. Por isso, também, nunca processei ninguém, embora tenha sido freqüentemente difamado. Prefiro contra-atacar por escrito. É o meu meio".
A importância de uma imprensa contestadora e policial é ímpar para uma democracia funcionar. A própria democracia reconhece os diferentes e as diferenças. Não é preciso aceitar de forma alguma um pensamento, mas é necessário o respeito a qualquer forma de pensamento, sendo este ideológico ou não. Isto é democrático. Isto demonstra um nível maior de consciência. Cabe aos leitores e ouvintes o ato de conceituar e tomar para si aquilo que julgam certo. Assim sendo, talvez, um dia não haverá mais partidos políticos. Não haverá mais partido. Haverá um inteiro. E no entorno deste inteiro, praticaremos a real democracia, respeitando as diferenças, juntando as partes.
Paulo Francis era um articulista político.
Diogo Mainardi é um comediante político.
E não menosprezemos a comédia. Desde a Grécia antiga, esta é uma forte ferramenta de contestação e vigilância política e ideológica.

3 comentários:

Renato Mattar disse...

"...um dia não haverá partidos político. Não haverá partidos. Haverá uma coisa só, inteira."

Deus te ouça meu filho! Deus te ouça... hahahaha

Muito bom Zóio, meus parabéns!

Clariana disse...

Parabens...
Ainda ontem falavamos sobre isso...

A comédia é uma dádiva... Nos permite olhar de perto...E mesmo assim ainda nos faz rir..

é uma das coisas que nos resta...

Gabriel Birkhann disse...

Sou fã do Mainardi e do Mino e adorei o seu texto.